Um caixão fechado, quatro pessoas.
Velam não se sabe quem. Sabe-se apenas que morreu e que com isso atingiu um automático patamar de respeito. Sentem-no “por aí, como um animal escondido na noite”.
Atado ao corpo no caixão, um sino rege este velório, ameaçando um regresso improvável. Se voltar – nem que seja para um último estertor de vida – qual será o valor duma vida perto da morte?
Enquanto esperam, sob o véu ominoso dos morcegos e da noite, os quatro ratinhos de laboratório retorcem-se num labiríntico debate, uma elipse de vaidades onde ninguém se parece ouvir, muito como se uma projecção do cadáver esquisito lhes assombrasse o núcleo gelatinoso das suas idiossincrasias.
Resta saber, se o sino tocar, que normas sanitárias serão cumpridas nestes tempos de medos e heroísmo em que, claramente, alguém não vai ficar bem.

Texto e Encenação: Simão do Vale Africano
Interpretação: Daniel Silva, Diogo Freitas, Inês Simões Pereira e Joana Africano
Cenografia e figurinos: Bernardo Monteiro 
Sonoplastia e desenho de som: Joel Azevedo 
Operação de som: Carolina Elvira 
Desenho de luz: Pedro Abreu
Assistência de encenação: David Salvado
Direcção de produção: Ruana Carolina 
Acompanhamento fotográfico: David Salvado
Produção: Subcutâneo – Associação Cultural 
Parceria: Momento – Artistas Independentes 
Apoio: CAMPUS Paulo Cunha e Silva,
Polo Cultural Gaivotas – Boavista, Câmara Municipal de Lisboa
Co-produtor: Teatro Diogo Bernardes – Ponte de Lima
Parceiro Institucional: República Portuguesa – Ministério da Cultura
Acolhimento: Espaço Escola de Mulheres

Janeiro, 2022 · Escola de Mulheres, Lisboa
Março, 2022 · Teatro Diogo Bernardes, Ponte de Lima

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Posted by:ines