
Em lugar nenhum. Dois homens encontram-se (ou simplesmente estão) e permitem-se partilhar as suas histórias como quem constrói um guião. Viajam repetidamente nas memórias que eles próprios vão moldando na mesma medida em que o espaço, o som e a luz os moldam. São vítimas da imaginação e da criatividade, como todos nós aliás, e neste doloroso processo criativo, são como putos que não param de se debater com dores de crescimento. Têm dentro formigueiros irritantes, montinhos de criatividade que não conseguem parar e que saltam como pipocas na panela, com um som pungente, mas ridículo, trágico. Talvez encontrem no final o caramelo que cubra tudo isto, quando encontrarem o desfecho final das suas narrativas.
É um trabalho sintético de Jacinto Lucas Pires que, em cerca de uma hora, condensa as suas melhores qualidades como dramaturgo, trazendo-nos personagens que crescem no arco de tempo dos textos, e se reescrevem quase como se pudéssemos assistir ao vivo e a cores ao fenómeno impalpável do aparecimento de uma pessoa em cena.
É uma breve viagem que dá sempre um passo atrás para rever o seu rumo e, sem o auxílio de qualquer sistema de navegação assistida, se vira novamente para dentro com o objectivo de se enriquecer nas palavras dos dois personagens.
Bem-vindos à Casa das Artes de V. N. Famalicão e ao terceiro espectáculo da Momento que tive o prazer de conduzir.
✦
Texto: Jacinto Lucas Pires
Encenação: Simão do Vale Africano
Assistência de encenação: Inês Simões Pereira
Interpretação: Daniel Silva e Diogo Freitas
Figurinos: Joana Africano
Desenho de luz: Pedro Correia
Música original: Daniel Martinho
Apoio à residência: Teatro Viriato
Apoio: Teatro Nacional São João
Acompanhamento fotográfico e teaser: Patrícia Ferreira
Co-produção: Momento – Artistas Independentes e
Casa das Artes de Famalicão
Fevereiro, 2019 · Casa das Artes de Famalicão
Setembro, 2021 · Teatro Viriato, Viseu
© 2019